Quando foi convidada para interpretar a espevitada Íris em
'Laços de Família', Deborah Secco já trilhava um caminho bem-sucedido na TV.
Começou na profissão ainda criança, e fez sucesso numa novela em horário nobre,
'Suave Veneno', em 1999. A trama de Manoel Carlos, em 2000, foi um grande
marco. "A Íris foi uma personagem onde eu pude trabalhar muitas nuances.
Ela vivia uma mistura de sentimentos, e isso é muito rico para o trabalho do
ator. O processo de criação foi um dos mais profundos da minha vida",
conta Deborah.
Na entrevista abaixo, a atriz relembra o intenso processo de
construção da personagem, os sentimentos que a reprise desperta, as principais
lembranças que ficaram do trabalho e a personalidade da menina que mexeu com os
ânimos do público.
Quais sentimentos a notícia da exibição de Laços de
Família no Vale a Pena Ver de Novo despertou em você?
Fiquei muito feliz em poder reviver 'Laços de Família', uma
das maiores alegrias que tive na profissão. A Íris mudou a minha vida. Ela foi
o primeiro personagem popular da minha carreira. Muitos a adoravam, mas tinha
muita gente que a odiava também. Eu mal conseguia sair na rua, o que para mim
era maravilhoso. Sinal de que o trabalho que eu estava fazendo estava indo para
um caminho legal. Nunca imaginei que ela seria tão lembrada 20 anos depois.
A que atribui o sucesso da personagem?
Atribuo o sucesso da Íris a ela ser muito humana. Uma pessoa
com qualidades e defeitos, ao mesmo tempo em que em algumas atitudes ela era
cruel. Foi uma personagem onde eu pude trabalhar muitas nuances. Ela tinha uma
mistura de sentimentos. Invejosa em alguns momentos, em outros, generosa. Muito
apaixonada pela família. Era aquela pessoa que ninguém ama, todo mundo aceita.
Quando o pai e a mãe morrem ela vai morar de favor com a irmã, ninguém tem por
ela uma afeição genuína de família. Acho que isso tocou muito o público e fez
com que ela não virasse só uma vilã.
Como foi o processo de construção da Íris?
O processo de criação foi um dos mais profundos da minha
vida, tentar entender a maneira de pensar e os sentimentos dessa menina... Eu
lembro que fiz diversos textos sobre a vida da Íris, recortes e colagens sobre
como eu achava que ela era. Participei da construção do figurino, sugeri o
macacão, as chiquinhas... Eu achava que ela tinha aquele universo infantil de
quem cresce longe da cidade grande.
Quais as principais lembranças que guarda do período de
gravação?
Foi um período maravilhoso, uma das melhores novelas que eu
já fiz. Era um elenco e uma equipe muito unida. O elenco virou uma família como
no título da novela. Todo mundo era muito junto, muito amigo. Somos próximos
até hoje.
Tem alguma cena que te marcou mais?
Várias cenas me marcaram. Lembro muito da primeira cena que
gravei da novela, no interior do Rio Grande do Sul. Eu já começava em cima de um
cavalo, e nunca tinha praticado andar a cavalo.
Relembre um pouco a trajetória e personalidade da
personagem. O que mais te atraía nela?
O que mais me atraía era a dualidade da Íris, não saber o
que esperar dela. Ela começa a trama no interior do Sul do Brasil com a
família, até que o pai morre. Ela é louca para morar no Rio de Janeiro, e vai
para a casa da irmã. Depois descobre que a Camila (Carolina Dieckmann) quer
roubar o namorado da mãe, e fica louca com isso, passa a odiar a sobrinha para proteger
a irmã. Foi uma trajetória muito interessante. O Maneco traz nas suas novelas
essa simples complexidade das relações humanas que é incrível. Tenho eterna
gratidão a ele e ao diretor Ricardo Waddington por terem me dado a oportunidade
de viver uma personagem tão intensa como a Íris.
De volta a partir do dia 07 de setembro no 'Vale a Pena Ver
de Novo', ‘Laços de Família’ é escrita por Manoel Carlos, com direção geral e
de núcleo de Ricardo Waddington.